sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Número de casos de insuficiência renal dobrou no Brasil

Aproximadamente 13 milhões de brasileiros apresentam algum grau de problema renal, segundo o mais recente levantamento da Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN). O número é duas vezes maior do que há dez anos. Desse total, 95 mil estão em estágio grave, dependendo de hemodiálise ou na fila do transplante, e os casos vêm crescendo a um ritmo de 10% ao ano. O panorama da doença pode ser ainda mais delicado. “O número de pacientes é inferior ao que deveria ser identificado”, afirma Emmanuel Burdmann, presidente da SBN. O aumento dos casos de diabetes e hipertensão, além de uma preocupação maior com o diagnóstico da doença, são os principais fatores que levaram a um incremento desses dados. “A doença já mata mais do que o câncer de mama”, afirma a nefrologista Carmen Tzanno Branco Martins, coordenadora do Comitê de Nutrição da SBN e diretora da clínica Renal Class. Segundo dados da Sociedade de Nefrologia do Estado de São Paulo (Sonesp), 58 milhões de pessoas correm o risco de desenvolver algum tipo de problema no rim por pertencerem ao grupo de risco: têm histórico da doença na família, são idosos, obesos, diabéticos ou hipertensos. Essas duas últimas doenças, muito conhecidas dos brasileiros, respondem por 60% dos casos. A insuficiência renal é uma doença silenciosa: quando o corpo dá sinais claros e visíveis de que algo está errado em geral o órgão já perdeu 50% de sua capacidade. Por este motivo, 70% das mortes por insuficiência renal acontecem antes mesmo do diagnóstico, conforme estudo da Fundação Pró-Renal, entidade filantrópica que dá assistência a pacientes crônicos. O rim funciona como um filtro do corpo, removendo sais e outras substâncias que estejam em quantidade excessiva, como a água. Esse órgão, que tem o tamanho de um punho fechado, também é responsável pelo controle da pressão arterial e pela produção e liberação de glóbulos vermelhos pela medula óssea. Faltam vagas e doadores Outro fator que contribui para o alto índice de mortalidade da doença é a falta de vagas para a realização de hemodiálises. Seis mil pacientes por ano não têm acesso ao tratamento ambulatorial que seria fundamental para mantê-los vivos. “Noventa por cento da população com a doença fazem tratamento pelo Sistema Único de Saúde. E a quantidade de clínicas disponíveis é a mesma há muitos anos. Deveríamos estar fazendo hemodiálise em trezentas mil pessoas”, alerta Burdmann. “Com a hemodiálise, o paciente ganha tempo de vida. Ele pode esperar pelo transplante de forma mais tranqüila e mesmo se não der certo, pode voltar ao tratamento”, avalia a Carmen. A máquina realiza o trabalho que deveria ser feito pelo órgão doente, enquanto o paciente aguarda por um novo rim. A fila de espera, no entanto, aumenta a cada ano. De acordo com o levantamento realizado no primeiro semestre de 2009 pelo Ministério da Saúde, 31.270 pessoas faziam parte dela. No mesmo período, foram realizados 1.237 transplantes. É possível prevenir Nem todo caso de doença renal leva o paciente à insuficiência. Por isso, a grande frente de batalha dos especialistas está na prevenção e no diagnóstico precoce. Diabéticos e hipertensos devem manter suas taxas controladas, a fim de evitar que um agravamento dessa doença possa levar à perda da função renal. Pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Fundação Oswaldo Cruz e do Centro de Controle do Diabetes da Bahia conduziram uma pesquisa que revelou que 76% dos diabéticos não conseguem manter as taxas glicêmicas adequadas. A recomendação dos médicos é a mesma para todos, inclusive para os que não têm essas doenças: a partir dos 55 anos, toda pessoa deve fazer exames de urina para detectar a presença ou não de albumina e também a dosagem da creatinina no sangue. Duas medidas simples que podem evitar a insuficiência e até a um quadro crônico. “Quem faz parte do grupo de risco deve fazer esses exames já a partir dos 30 anos”, recomenda a nefrologista Carmen Tzanno. Dia mundial do rim Toda segunda quinta-feira do mês de março comemora-se o dia mundial do rim. Neste ano, a data será celebrada neste dia 11. A campanha de 2010 tem como tema “Proteja seus rins, controle o diabetes”, na tentativa de evitar que novos casos apareçam por conta desse problema, que é causador número 1 de doenças renais nos Estados Unidos. No Brasil, a diabetes é a segunda causa da insuficiência do rim, atrás apenas da hipertensão.

Carambola na Insuficiência Renal Crônica


A fruta carambola (Averrhoa carambola) pertence à família das oxalidaceae. Acredita-se que tenha se originado no Sri-Lanka e nas ilhas Molucas, mas vem sendo cultivada no sudeste da Ásia e Malásia por vários séculos e aclimatada em vários países tropicais como o Brasil. Fatias cortadas transversalmente possuem a forma de estrela, que lhe dá o nome na literatura inglesa de “star fruit”. Pode ser consumida in natura, em sucos e sua polpa pode ser utilizados para doces, vinhos, licores e sobremesas.
Em trabalhos iniciais, esses sintomas foram descritos em pacientes renais crônicos submetidos a tratamento dialítico. Os sintomas incluem soluços, vômitos, paresias (disfunção ou interrupção dos movimentos de um ou mais membros) e formigamento de membros superiores e inferiores com perda da força muscular, vários distúrbios da consciência em graus variados, como agitação psicomotora, confusão mental, convulsões, com alguns pacientes evoluindo para óbito, a maioria em tratamento dialítico. Porém, há relatos de casos de pacientes com insuficiência renal crônica ainda em tratamento conservador que apresentaram esses sintomas, alguns também evoluindo para óbito.
Os sintomas podem aparecer tanto com o consumo de poucas fatias da fruta como com maiores quantidades. O tempo de aparecimento dos sintomas pode variar de 2 a 12 horas e também está associado à predisposição dos pacientes, idade, quantidade consumida, bem como a quantidade de oxalato presente em cada fruta e o tipo de carambola consumida.
Pacientes com insuficiência renal, mesmo em tratamento conservador, devem ser alertados para não ingerir carambola. Tanto a equipe médica e principalmente os nutricionistas, devem estar envolvidos no tratamento e seguimento destes pacientes.


Referências:
Neto MM, Nardin MEP, Vieira-Neto OM, et al. J Bras Nefrol 2004;26(4):228-232
Neto MM, Costa JAC, Garcia-Cairasco N. et al. Nephrol Dial Transplant (2003) 18: 120–125.
Neto MM, Robl F, Netto JC. Intoxication by star fruit (Averrhoa carambola) in six dialysis patients? (Preliminary report). Nephrol Dial Transplant 1998; 13: 570–572
Chang JM, Hwang SJ, Kuo HT et al. Fatal outcome after ingestion of star fruit (Averrhoa carambola) in uremic patients. Am J Kidney Dis 2000; 35: 189–193
Morton JF. Fruits of Warm Climates. Flair Books, Miami, FL; 1987: 125–128