quarta-feira, 23 de junho de 2010

HISTÓRIA DA HEMODIÁLISE

A história da hemodiálise pode considerar-se ter começado, quando em 1830 um físico Inglês chamado Thomas Graham, verificou, separando dois líquidos com substâncias dissolvidas numa membrana celulósica, estabelecia troca entre elas.

Nesta experiência ou fenómeno, o físico chamou-lhe “Diálise” e às membranas com estas características “semi- permeáveis”.

Mas só passado oitenta anos, este princípio físico já aplicado à experiência anima .
Em 1913 na América, John Abel Idealizou e utilizou nos cães sem rins, o primeiro ” rim artificial”.

Tinha a composição de uma série de tubos de celulose mergulhados em soro fisiológico que era por onde circulava o sangue dos cães.

É obvio que surgiram problemas técnicos que desmotivaram esta experiência:

Fragilidade das membranas que provocavam rupturas frequentes;
Não existia a heparina, pois aconteciam acidentes, como a coagolação do sangue consecutivamente;
Matérias mais grossas e as possibilidades de esterilização provocavam sistemáticas infecções.


Em1917, na 1ª. Guerra Mundial, a terrível visão de doentes em urémia pela Insuficiência Renal Aguda, levou que o Alemão Georg Haas viesse a mudar o protótipo do “rim Artificial” do seu colega John Abel. Aumentou mais área ás membranas, que após, consegui esterilizar os componentes todos do circuito extracorporal com etanol.
Finalmente em 1926 aventurou-se a utilizar a diálise pela primeira vez no ser humano, quando apareceu um caso de urémia.

Esta primeira experiência no ser humano, consistiu em retirar ½ litro de sangue ao doente ( o volume necessário para preencher o circuito ), e ao fazê-lo circular pelos tubos meia hora banhados com o soro e reinfundi-lo novamente no paciente, claro está que não foi obtido qualquer resultado positivo. Esta passo foi permitir para que Georg Haas repetisse em 1928 o método e começou por fazê-lo pela primeira vez com a heparina, ao qual foi feita com 9 passagens e não uma como anteriormente fez.

Durante certo período foram feitas tentativas, como por exemplo intestinos de galinha, para encontrar materiais mais adequados.
Em meados de 1936 quando se iniciou a comercialização de celofane, este veio dar um impurrão para a melhoria da diálise. Foi neste mesmo ano que foi possível aplicar a diálise ao ser humano com alguma segurança.
Durante a segunda guerra mundial (1940), o Holandês Kolff (considerado por alguns o Pai da Hemodiálise) fez um “Rim Artificial” que consistia num tubo de 40 metros de celofane que enrolado num cilindro que rodeava um tanque que continha uma solução.

O sangue do doente circulava dentro do tubo e a cada rotação do cilindro dentro do tubo mergulhava no tanque.
Por meados do ano de 1943, Kolff, utilizou pela primeira vez este “Rim Artificial” num paciente com Insuficiência Renal Aguda. Este método de Diálise foi igual ao que fez inicialmente, por Geogr. Haas; 0,5 L. de sangue do doente que circulava no dito “Rim Artificial” e que de seguida era reifundido novamente.

O Rim de Kolff, tinha uma inovação em que o sistema de propulsão do sangue no circuito (com adaptação de uma bomba de água de um automóvel), permitiu pela primeira vez que fosse utilizada num doente a diálise contínua. Puncionava-se uma artéria e uma veia, e o sangue circulava continuamente.
O problema de maior que acontecia era que cada vez que se fazia este tratamento era necessário uma nova artéria e nova veia. O doente que fez esta “experiência” viria a falecer no 26º dia após este tratamento.
O ano de 1945 foi o que marcou a sobrevivência do primeiro paciente do “rim artificial” de Kolff, com uma insuficiência renal aguda, que consegui alcançar a durabilidade de uma sessão de hemodiálise de 11 horas e no futuro recuperou a sua função renal. Altura esta que em todo o Mundo mais ou menos cerca de 20 doentes tinham feito tentativas de diálise.

Kolff escreveu ; <<… em casos de insuficiência Renal crónica (irreversível) não há indicação para tratamento pelo “rim artificial”>>.
Nos meados dos anos 50 a hemodiálise ainda era considerada experimental, que se fazia em meia duzia de hospitais e com resultados duvidosos.

Muitos problemas iniciais subsistiam:

O celofane ser mais resistente do que o celulose, ainda era frágil praticamente nada se conhecia das suas características dialiticas;
A heparina não se podia utilizar à vontade;
Recentemente o plástico tinha sido introduzido, certas estruturas eram de borracha (metal ou vidro) certas peças eram utilizadas várias vezes, pois não havia a industrialização e a esterilização era deficiente;
As estruturas dos dializadores implicava volumes grandes para os preencher, que por seu lado obrigava antes de iniciar os tratamentos de enchê-los com sangue de dadores, pois daí acarretavam todos os riscos;
Também conhecia-se pouco sôbre o que era uma Diálise eficaz e mesmo sôbre os principais problemas que diziam respeito à Insuficiência Renal Crónica;
O acesso vascular, ainda não era permanente.
Foi só em 1960, Scribner e Quinton descreveram um dos marcos históricos, senão o maior (na altura) no tratamento da Insuficiência Renal Crónica, pela hemodiálise: o ” SHUNT ” arterio-venoso externo permanente.

A partir daqui foi possível fazer os tratamentos múltiplas vezes. Daqui também foi possível fazer uma avaliação regular aos mecanismos íntimos da hemodiálise como também tecnológicos no que respeita aos dialisadores.
O SHUNT na altura tinha as suas deficiências, como infecções e coagulações.

Foi só em 1960 que começou o primeiro doente com Insuficiência Renal Crónica a ser tratado em Hemodiálise regular, uma e duas vezes por semana.

Entre 1960 e 1965, desenvolveu-se os dializadores “COIL” (tubo celofane enrolado em espiral) e do tipo KILL (Placas de Celofane paralelas).

Por volta de 1965 o celofane foi substituido por outro derivado celulósico – cuprofano – com melhores características de resistência, com capacidade para dialisar as substâncias tóxicas.

Nos finais do ano de 1965, na Europa, havia apenas 150 doentes com Insuficiência Renal Crónica (não esquecer que aqui não são referidos os milhares que morreram por falta de tratamento e outros pelo desconhecimento médico à data), os atrás referidos eram aqueles que contabilizados eram já tratados pela hemodiálise regular.

Em 1966, outro grande passo foi dado: CININO e BRESCIA criaram cirúgicamente a fístula arterio—venosa interna, que consiste numa pequena comunicação, inferior a 0,5 cm, directa, entre uma veia e uma artéria. Deste modo, uma quantidade razoável de sangue arterial é desviada para a circulação venosa dessa região. Só existido uma diferença ao contrário do Shunt, enquanto este pode ser usado de imediato, a fístula precisa de “amadurecer” e só deverá ser picada uma semana, ou melhor ainda, três a quatro semanas após a sua confecção.

Fonte: http://www.adrnp-centro-social.rcts.pt/pioneiros.html

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